Ainda nos dias de hoje a morte ainda é vista como um tabu, cercada de mistérios e de crenças onde as pessoas, frequentemente, não se encontram preparadas para lidar com o luto.
O luto é uma reação psicológica que aparece em momentos de perda. É uma dor emocional que se sente frente a perda de algo ou alguém significativo em nossas vidas.
Esta reação psicológica não tem apenas elementos de caráter emocional, mas também fisiológicos e sociais.
Geralmente, quando falamos de luto, na maioria das vezes o associamos com a morte, mas esse processo também pode ser observado frente à ruptura de uma relação, a perda do emprego ou a perda de um objeto com o qual tínhamos um forte vínculo emocional.
Portanto, o processo do luto significa que, em função da perda, deveremos passar por um período de adaptação cujo objetivo é ressignificar nossa nova vida sem essa pessoa ou coisa.
Muitas vezes, quando entendemos que o luto é um processo normal e limitado no tempo, ele se resolve naturalmente, empurrando-o para a superação, o que pode potencializar nossa maturidade e crescimento pessoal.
Mas assim como se reconhece que este é um processo natural que significa grande angústia para a maioria das pessoas, também é sabido que o processo pode ser complexo se os sintomas persistirem ao longo do tempo e interferirem no desenvolvimento da vida diária, podendo até levar a um transtorno. Nesses casos, algumas pessoas ficam presas em um certo estágio de luto, incapazes de deixar ir ou dizer adeus ao que perderam.
É difícil dizer quando o luto realmente termina, embora seja considerado um momento crucial quando uma pessoa é capaz de olhar para trás, ou seja, olhar para alguém com carinho e paz, com nostalgia, mas não com dor. morte e sua história compartilhada.
Normalmente a elaboração de todo esse processo tem uma duração que compreende alguns meses podendo chegar a dois anos, dependendo de cada pessoa, da proximidade e do vínculo que existente entre a pessoa que ficou e pessoa ou coisa que partiu.
A elaboração do luto passa por diferentes fases, nas quais podem predominar emoções muito dolorosas. Estas fases não se estendem como períodos fixos e organizados, ao contrário tendem a se sobrepor, contendo uma mistura de emoções e respostas. Estas fases são compostas da seguinte forma:
- Negação. A pessoa não aceita a perda e começa a lutar contra a sua realidade.
- Raiva. A pessoa acha a vida injusta e busca na raiva um alivio à sua dor.
- Barganha. A pessoa faz tentativas falhas de negociar com Deus ou com a força que ela acredita, a volta da pessoa falecida.
- Depressão. Esta fase é marcada pela tristeza profunda acompanhada pela solidão.
- Aceitação. Nesta última etapa, a pessoa aceita a perda.
O que podemos fazer para elaborar o luto?
- Aceitar e compreender que o luto é um processo natural que leva o seu tempo, não tente apressá-lo. Poder enfrentar a perda e atravessá-la de uma forma adaptativa nos gera maior confiança, desenvolvendo novos aspectos e mecanismos.
- Não resistir à mudança. Acontece uma transformação frente à perda de pessoas e papéis que ocupam um lugar central em nossas vidas. O melhor é abraçar essas mudanças, aproveitando as oportunidades que se apresentam para o crescimento, ao mesmo tempo em que reconhecemos os aspectos nos quais nos sentimos empobrecidos.
- Expressar nossas emoções e sentimentos. Comunicá-las, não as reprimir e, se for necessário, procurar a ajuda de um psicólogo.
- Estar rodeado de vida, aumentar nossas relações sociais, aprender algo novo ou fazer atividade física por exemplo, de acordo com a nossa idade e condição de saúde.
- Procurar novos sentidos para a vida, criar e desenvolver novas atividades ou projetos.
Quando procurar ajuda?
Não há nada de “excepcional” na dor, angústia e perturbação que acompanham o luto, mas há certos sintomas que sugerem que devemos consultar um psicólogo, mesmo que a decisão final seja de cada indivíduo.
Você deve considerar seriamente conversar com um profissional sobre sua dor se tiver algum dos seguintes sintomas:
- Fortes sentimentos de culpa;
- Pensamentos suicidas;
- Aumento do desespero;
- Inquietação persistente;
- Depressão;
- Sintomas físicos (perda de peso significativa, sensação de pontada no peito, etc.);
- Raiva descontrolada;
- Dificuldades em realizar tarefas do dia a dia;
- Abuso de substâncias.
Ainda que qualquer um destes sintomas possa ser característico de um processo normal de luto, a sua continuidade por tempo prolongado deve ser motivo de preocupação e atenção para consultar um psicólogo.
Elaborar o luto significa se colocar em contato com o vazio deixado pela perda do que não existe mais, valorizar a sua importância e suportar o sofrimento e a frustração que comporta a sua ausência.
*Publicação Original em 25/11/2017. Revisão em 24/04/2022
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