Falar sobre sexo, sexualidade e as diferentes formas de vivência das identidades e relações afetivas são aspectos da vida humana que despertam a curiosidade e geram polêmica em alguns grupos sociais.
Para entender como o ser humano relaciona-se, é preciso conhecer os quatro conceitos delineadores da sexualidade que são: sexo biológico, identidade de gênero, expressão de gênero e orientação sexual.
Sexo biológico.
É conjunto de características físicas oriundas de uma combinação cromossômica. Basicamente se relaciona com a existência dos órgãos genitais (pênis, vagina, ambos ou nenhum deles) e com o conceito de macho (homem), fêmea (Mulher) e intersexo.
Identidade de Gênero.
Consiste no modo como o indivíduo se identifica com o seu gênero, portanto parte de um auto reconhecimento e da auto afirmação pessoal.
A identidade de gênero pode ser vivenciada de diversas formas, pois ela não tem a ver com o sexo biológico ou com a orientação sexual. A identidade de gênero está relacionada com as percepções de masculino e feminino de cada indivíduo.
Dentro desse conceito de identidade, existem pessoas cisgêneras e transgêneras.
Cisgênero: Cis é um prefixo do latim que significa “do mesmo lado”. Desta forma, a pessoa cisgênera é aquela que se identifica com o gênero que lhe foi atribuído ao nascimento.
Transgênero: Trans também é um prefixo latino para “além de”, ou seja, pessoas trans não se identificam com o gênero que foi definido a elas quando nasceram pelo seu sexo biológico. O termo é um guarda-chuva que abarca homens e mulheres transsexuais, travestis, não binários e toda identidade de gênero oposta a norma cis.
Uma observação importante com relação aos homens e mulheres transsexuais é que existem estudos científicos como o trabalho “Sexo cerebral, um caminho a ser percorrido” de Durval Damiani, Daniel Damiani, Taísa M. Ribeiro e Nuarte Setian, que propõem que não são apenas os órgãos genitais que diferenciam homens e mulheres, essa diferença também ocorre na morfologia cerebral, ou seja, existem evidências cientificas de que o sexual cerebral pode caminhar em sentido oposto ao sexo genital, o que explicaria a transsexualidade.
Expressão de Gênero.
É o modo como cada pessoa se apresenta ao mundo. Em outras palavras, é o conjunto de vestimentas, acessórios, modificações corporais (tatuagens, piercings), maquiagens, estilos de cabelo, depilação ou não, comportamentos (modos de agir, modos de falar) por quais uma pessoa exterioriza a sua identidade de gênero.
Embora a sociedade e o mercado generifiquem os objetos em feminino e masculino, coisa de mulher, coisa de homem, na verdade, as coisas (por si sós) não têm gênero. Quando você veste uma roupa, aquela roupa passa a ter o SEU gênero, porque é VOCÊ que a está usando.
Enfim, não é a expressão de uma pessoa que define se é trans ou cis, se ela é de tal gênero ou outro. O que define isso é a própria pessoa!
A expressão ou performance de gênero não precisa necessariamente se alinhar à identidade de gênero, isto é, você pode ser de um determinado gênero e ter uma expressão de outro gênero. Por exemplo: uma mulher (gênero feminino) que se veste e se comporta de maneira masculina (e essa maneira masculina se refere ao que esta mulher define como sendo masculino para ela).
Orientação Sexual.
É definida pela atração ou ligação afetiva que se sente por outra pessoa. Existem quatro formas de expressar a orientação sexual, dentre elas:
Heterossexualidade: é a atração afetiva e sexual por pessoas do gênero/sexo oposto.
Homossexualidade: é a atração afetiva e sexual por pessoas do mesmo gênero/sexo. As lésbicas, nesse contexto, são mulheres que gostam de mulheres, e os gays são homens que gostam de homens, também sendo o termo usado para mulheres.
Bissexualidade: é atração pelos dois sexos/gêneros, homem e/ou mulher.
Assexualidade: diz respeito às pessoas que não sentem atração sexual por nenhum sexo/gênero. Mas vale ressaltar que ainda pode ser uma “sexualidade” em construção.
Para ilustrar as diferenças entre sexo biológico, identidade de gênero, expressão de gênero e orientação sexual, veja a ilustração abaixo:
Não entendeu? A gente desenha…
Lembre-se: Todo ser humano merece respeito!
Sobre o autor:
Paulo Alencar é psicólogo Cognitivo Comportamental (CRP 06/137862), tem Formação em Terapia Comportamental Cognitiva em Saúde Mental, pelo Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP). É pós-graduado em Terapia Cognitivo Comportamental pelo ITC – Instituto de Terapia Cognitiva. Realiza atendimento clínico presencial e online para adolescentes, adultos, idosos e LGBTQIA+. Possui interesse em música brasileira / flashback, cinema, parques, esportes radicais e tecnologia. Contato: (11) 99735-1268, e-mail, Site, facebook, Instagram,