Um colega de trabalho chamado Vinicius enfrentou uma situação angustiante neste último final de semana, ao ser acometido por uma súbita crise de ansiedade. Durante um tranquilo sábado, enquanto assistia a um filme ao lado de sua esposa, Vinicius subitamente experimentou intensas pontadas no peito. Uma sensação de falta de ar, palpitações e tonturas o envolveram, deixando-o coberto por um suor frio. Preocupado com a possibilidade de um ataque cardíaco, dirigiu-se imediatamente ao hospital mais próximo.
Para sua surpresa, os resultados dos exames, incluindo eletrocardiograma e análises sanguineas, indicaram que seu coração estava em boas condições. O médico de plantão esclareceu que o episódio era, na verdade, um ataque de pânico / ansiedade. Receitou um ansiolítico e sugeriu que ele buscasse a ajuda de um psicólogo. Essa história, embora singular, é emblemática de experiências frequentes vivenciadas por aqueles que enfrentam ataques de pânico / ansiedade pela primeira vez. O que leva a esses episódios? Vinicius, confrontado pela revelação de que “essa coisa de ansiedade” não era exclusiva dos outros, mas sim algo que também o afetava, viu-se agora diante da incerteza sobre os próximos passos a serem dados.
Você não está morrendo, você está ansioso.
Conforme indicado por um estudo conduzido em 2015 pelo Centro Médico Universitário de Göttingen, na Alemanha, cerca de 33,7% da população experimenta algum transtorno de ansiedade ao longo da vida. Embora dados atuais sejam escassos, especula-se que, devido à pandemia e às crises socioeconômicas, essa incidência tenha aumentado consideravelmente.
Os transtornos de ansiedade, como o transtorno de ansiedade generalizada, o transtorno de ansiedade social e fobias específicas, formam um espectro amplo e muitas vezes coexistem com outros distúrbios, como depressão ou transtornos alimentares. Curiosamente, o primeiro sinal revelador, o alerta inicial, frequentemente se manifesta sob a forma de um ataque de pânico / ansiedade, pegando a pessoa de surpresa.
O estresse prolongado, a incerteza e o peso contínuo dos problemas atuam como fontes persistentes de angústia. A ansiedade está ali, à espreita, emitindo sinais como o sistema de alerta de um carro indicando que algo não está certo. No entanto, muitas vezes ignoramos esses sinais, pois, quando se trata da saúde mental, temos a tendência de acreditar que isso nunca nos afetará, até que, de repente, nos toca de perto.
A decisão de buscar atendimento no pronto-socorro por suspeita de um problema cardíaco, mesmo que resulte em um diagnóstico de ansiedade, não deve ser considerada um erro. Muitas pessoas, desconhecendo os sintomas dos ataques de ansiedade, tendem a interpretá-los como indícios de uma condição cardíaca grave.
É crucial descartar qualquer possibilidade de doença cardiovascular, especialmente em casos com fatores de risco, como histórico familiar de doença cardíaca, pressão alta, níveis elevados de triglicerídeos, diabetes, obesidade, estilo de vida sedentário e uso de drogas.
Além disso, é relevante considerar um aspecto adicional. Uma pesquisa conduzida pelo Hospital Geral de Massachusetts (Boston) destaca que o transtorno de ansiedade generalizada pode, ao longo dos anos, contribuir para problemas cardíacos. Portanto, a atenção médica continua sendo crucial.
Como diferenciar um ataque de pânico / ansiedade de um ataque cardíaco?
Para diferenciar um ataque de pânico / ansiedade de um ataque cardíaco, embora ambos compartilhem sintomas semelhantes, é essencial estar ciente das nuances que os distinguem. Conhecer as manifestações de cada condição é uma medida preventiva, embora em casos de dúvida persistente, buscar assistência em um serviço de emergência seja sempre recomendado. Essas diretrizes podem fornecer orientações úteis para a tomada de decisões informadas em momentos de incerteza.
Diferenciar um ataque de pânico / ansiedade de um ataque cardíaco é crucial para uma resposta adequada diante de sintomas físicos e psicológicos intensos. Aqui estão algumas características distintivas de cada situação:
Ataque de Pânico / Ansiedade:
- Dor no peito e taquicardia, com duração geralmente não superior a 30 segundos.
- A dor no peito surge sem esforço aparente.
- Dificuldade respiratória e hiperventilação são comuns.
- Sudorese e tontura podem ocorrer.
- Sintomas psicológicos incluem sensação de estranheza, dissociação, despersonalização ou desrealização.
Ataque Cardíaco:
- Dor intensa e aperto no peito, surgindo subitamente ou em resposta a esforço físico.
- A dor tende a durar mais tempo, geralmente vários minutos, e é mais intensa do que no ataque de ansiedade.
- A dor pode irradiar para o pescoço, mandíbula, costas e braço esquerdo.
- Tontura e desmaios são possíveis.
- A dor é acentuada pelo esforço.
- Pode haver desconforto estomacal, assemelhando-se a indigestão.
Em caso de dúvida ou persistência dos sintomas, é fundamental procurar assistência médica imediata, seja no pronto-socorro ou ligando para serviços de emergência. A pronta identificação e resposta a esses sinais são cruciais para garantir o cuidado adequado diante dessas situações de saúde.
Receber o diagnóstico de ansiedade nos serviços de emergência pode deixar muitas pessoas se sentindo perdidas quanto aos próximos passos. É crucial reconhecer essa situação e não subestimá-la, pois a ansiedade não tratada pode se tornar crônica, desencadeando mais complicações. A saúde mental demanda a mesma atenção que a saúde física e não deve ser negligenciada. Aqui estão algumas estratégias a serem consideradas:
- Consulte seu Médico de Confiança: Converse com seu médico e siga as orientações prescritas, especialmente se ansiolíticos ou outros medicamentos forem recomendados.
- Contato com um Psicólogo: Busque a avaliação de um psicólogo para compreender a situação e determinar estratégias de enfrentamento. Um diagnóstico sólido e a compreensão dos antecedentes que levaram ao ataque de ansiedade são fundamentais.
- Comprometimento com o Bem-Estar: Reconheça que o ataque de pânico / ansiedade serve como um alerta, indicando a necessidade de mudanças em sua vida. Comprometa-se com o seu bem-estar, integre novos hábitos e abordagens em sua rotina diária.
Em resumo, a busca por atendimento no pronto-socorro devido à ansiedade é uma experiência que pode ocorrer com qualquer um. Após esse episódio, é essencial conscientizar-se da importância de cuidar de si mesmo. Não deixe para amanhã a atenção que você merece e precisa. A jornada para o equilíbrio mental começa com a conscientização e o comprometimento contínuo com o próprio bem-estar.