Antes de falarmos em crenças centrais, precisamos entender que dentro da ampla gama de abordagens terapêuticas, existem diversas modalidades de terapias psicológicas. Cada uma dessas abordagens possui uma teoria e um foco, uma maneira de entender o ser humano e de abordar o paciente com o objetivo terapêutico primordial de promover uma mudança e o bem-estar do indivíduo.
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) se concentra no hoje, ela entende a historia de vida de cada individuo, mas seu foco principal é na resolução de problemas atuais, que muitas vezes ocorrem por padrões de pensamento distorcidos / disfuncionais, conhecidos como “crenças centrais”. Essas crenças frequentemente contribuem para o desenvolvimento de transtornos como a ansiedade, fobia social, transtorno de pânico, transtornos depressivos entre outros.
É importante compreender o que exatamente são essas “crenças centrais” e como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode auxiliar um indivíduo na reestruturação de seus próprios pensamentos. para isso, vamos elocidar mais detalhadamente esse conceito a seguir.
O que são crenças centrais?
As crenças centrais, na perspectiva da Terapia Cognitivo-Comportamental, representam o entendimento que uma pessoa tem sobre si mesma, sobre o mundo e o futuro. Essas crenças são profundamente enraizadas na mente de uma pessoa, raramente são questionadas e frequentemente são tratadas como verdades inquestionáveis. Muitas vezes, essas crenças são acompanhadas de pensamentos como “eu sempre faço tudo errado” ou “Isso sempre foi assim”.
Essas crenças centrais tendem a amplas e generalizadas, o que significa que elas se aplicam a uma grande variedade de situações. Por exemplo, quando alguém recebe uma bronca do chefe no trabalho ou passa pelo término de um namoro, os pensamentos automáticos que surgem podem ser do tipo: “Eu sou um incompetente, sempre cometo erros”, “Eu não presto para nada”, “Eu sou um fracassado”, “Ninguém me ama de verdade”, “Eu vou morrer sozinho”, e assim por diante.
Essas crenças rígidas e inflexíveis muitas vezes não levam em consideração as possibilidades ou circunstâncias específicas, como o fato do chefe talvez estar sofrendo pressão ou o relacionamento ter acabado por razões pessoais que nada tem a ver com quem foi largado. Essas crenças centrais são geralmente classificadas na Terapia Cognitivo-Comportamental em três categorias:
- Desamparo: Nesse caso, a pessoa acredita que é incapaz, incompetente, fracassada, frágil, vulnerável, carente, descontrolada e inadequada. Pensamentos recorrentes podem incluir afirmações como “Não sou capaz de mudar”, “Não sou bom o bastante”, “Não vou conseguir fazer isso” ou “Não consiguirei aprender isso nunca “.
- Desamor: As crenças centrais relacionadas a desamor envolvem a crença de que a pessoa é indigna de amor, imperfeita, sem atrativos, indesejável, que pode ser abandonada, rejeitada e sempre ficar sozinha. Pensamentos recorrentes podem incluir afirmações como “Não sou bom o suficiente para ser amado”, “Ninguém sente atração por mim” ou “Tudo mundo sempre vai me rejeitar”.
- Desvalor: Nesse caso, a pessoa acredita que não tem nenhum valor, que é uma pessoa derrotada, sem dignidade, um lixo. Pensamentos recorrentes podem incluir afirmações como “Eu não mereço ser feliz”, “Eu não mereço viver”, “Eu não tenho valor” “Eu sou um lixo”.
Essas crenças centrais frequentemente levam ao desenvolvimento de crenças intermediárias, que são regras, suposições e atitudes que uma pessoa enxerga como verdades. Por exemplo, essas crenças intermediárias podem incluir afirmações como “É muito ruim ser um zero a esquerda como eu”, “Para ser amado, eu tenho que fazer tudo o que os outros querem que eu faça.”, “Se eu não trabalhar mais de 12h por dia, serei um fracassado”, “Eu tenho que ser perfeccionista em tudo o que faço” e “Preciso sempre me sacrificar para ser o melhor”.
Quando essas crenças centrais são mantidas de maneira rígida, elas geralmente distorcem a percepção da realidade e contribuem para o desenvolvimento de transtornos psicológicos como depressão e ansiedade. Quando uma pessoa consegue flexibilizar essas crenças e ter pensamentos mais funcionais, ela é capaz de olhar o mundo de forma mais realista, lidar com frustrações e eventos do dia a dia de maneira mais realista e equilibrada.
Como a Terapia Cognitiva Comportamental pode ajudar?
A Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) desempenha um papel fundamental na interrupção do ciclo destrutivo associado às crenças centrais disfuncionais. Seu objetivo central é identificar e questionar a veracidade dessas crenças, com a compreensão de que as emoções e comportamentos de uma pessoa são influenciados pela percepção e interpretação dos eventos.
Ao reconhecer os padrões de pensamento (foco cognitivo) e comportamento (foco comportamental) do paciente em relação às suas próprias emoções, o terapeuta propõe técnicas e ferramentas para reestruturar esses padrões disfuncionais. Essas técnicas são projetadas para capacitar o paciente a reconfigurar seus pensamentos, resolver problemas e desenvolver habilidades para promover um estilo de vida mais saudável.
Na abordagem da TCC, o terapeuta assume um papel ativo, concentrando-se no momento presente e auxiliando o paciente a identificar e adotar pensamentos alternativos que desafiem e desativem as crenças centrais. Por meio desse processo, a pessoa começa a adotar comportamentos mais construtivos e funcionais, criando mudanças sustentáveis e duradouras em sua vida.
Com o decorrer do tratamento, o paciente ganha autonomia para lidar com diversas situações da vida de forma independente, sem se deixar prejudicar pelas crenças distorcidas. Assim, a TCC desempenha um papel crucial na reestruturação dos processos cognitivos disfuncionais, visando a alteração dos comportamentos sintomáticos originados pelas crenças centrais.
Se você se identificou com alguns desses padrões de pensamento e gostaria de explorar como a Terapia Cognitivo-Comportamental pode melhorar sua qualidade de vida, sinta-se à vontade para entrar em contato e agendar uma avaliação inicial.