Olá. Eu me chamo P.H. e hoje vou contar um pouquinho do meu processo psicoterapêutico com a abordagem cognitivo comportamental.
Há algum tempo, ainda quando cursava o ensino médio, iniciei aquele tão famoso processo de desconstrução e isso me devastou. Inconscientemente e dentro de mim, eu tinha toda aquela parafernália preconceituosa (homofobia, machismo e trá-lá-lá). Então, busquei entender tais questões, mas desde o início me senti muito confuso. As vezes, algumas questões não são tão difíceis de se racionalizar e entender, mas são muitas e quando juntas, parecem ser mais do que realmente são. Eu vivi e me afundei nisso.
Além disso, minha mãe e eu deixamos de nos falar quando contei sobre minha sexualidade.
Em certo momento, percebi que já não mais estava vivendo em função do que acreditava e do que me fazia bem, mas, sim, em função de entender questões tão não minhas, tão de outras pessoas, tão impostas, inautênticas e falsas que passava dias pensando em como encontrar sentido em tudo aquilo; mas não conseguia e me frustrava. Então, decidi buscar ajuda.
Buscar ajuda não é algo fácil. A sociedade em que vivemos foi construída a base de uma cultura que valoriza o sofrimento como modo de crescimento e merecimento. Assim, ainda que não tenham compreendido o role da vida, a galera apenas resiste ao sofrimento (valendo-se de crenças, em alguns casos), como única e exclusiva alternativa para lidar com ele; e é arrastada pelas circunstâncias, o que gera sequelas psicológicas potencialmente irreversíveis.
Não à toa, Elis Regina cantou: “Uma gente que ri quando deve chorar e não vive, apenas aguenta.” E também: “Quem traz na pele essa marca possui a estranha mania de ter fé na vida.” Por outro lado, há aqueles que transcendem tal cultura e se ligam que precisam de ajuda, pois sofrer de forma desmedida e irracional não deve ser encorajado. Para esses, Almir Sater também cantou: “Hoje me sinto mais forte; mais feliz, quem sabe.” Só levo a certeza de que muito pouco sei, ou nada sei. Mas também: Penso que cumprir a vida seja simplesmente compreender a marcha e ir tocando em frente.
Iniciei a terapia e desde a primeira sessão tem sido muito bom. A abordagem cognitivo-comportamental busca identificar tuas questões problema e te ensinar a lidar com elas da maneira mais saudável, pensando e construindo alternativas de solução. Mas não espere compreender tudo, que seus problemas sumam ou que você nunca mais se sinta triste. Espere compreender o que realmente importa pra ti, na medida do que isso diz respeito a você e não mais se preocupar com coisas que não lhe fazem sentido. Espere ainda sofrer e chorar, mas fazer isso tendo clara consciência dos motivos e caminhos possíveis para se lidar com tal dor.
Por fim, quero deixar aqui algo que ouvi em sessão e que me faz muito sentido hoje: A terapia cognitivo-comportamental não tem como objetivo resolver teus problemas simplesmente, mas, sim, tornar você capaz de resolvê-los sozinho, pois a ideia é que você se torne “seu próprio psicólogo”.
Hoje, tenho 20 anos, sou o filho homem de uma família bastante tradicional, sou gay, sou masculino, mas feminino, também. Sou estudante de cursinho pré-vestibular e trabalho de modo não tradicional. Sou o que sou e entendo isso, entendo as implicações disso na sociedade e entendo como lidar com elas.
Sinto-me mais livre, mais leve.
Estou torcendo por vocês,
P.H.