Existem pessoas que, por vontade própria, evitam ter tempo livre e os momentos de descanso e desconexão da rotina.
Para a surpresa de muitos, esse tipo de pessoa existe e elas não são casos isolados. Algumas pessoas têm medo de parar por acabarem se sentindo desconfortáveis no momento de ócio em que nada lhe é exigido senão o ser e estar.
Muitos dizem que tudo depende da personalidade. Claro que, pelo seu caráter proativo, muitas pessoas precisam sempre seguir em frente, inovar, criar, planejar … Agora, há outra esfera que é um pouco mais problemática e que é preciso considerar.
Algumas pessoas não conseguem se imaginar ociosas por um tempo, pois essa imobilidade, o “não fazer nada”, leva a um reencontro consigo mesmo. Às vezes, essa realidade interna não é muito apreciada e parece desconfortável. Para compensar isso, as rotinas fixas para a realização de tarefas e atividades viram uma válvula de escape ou uma forma de esquecimento.
Vamos entender este tópico com mais profundidade.
O “Não fazer nada” e a cultura da auto cobrança.
Atualmente, frases como “Não tenho tempo para fazer nada” tornaram-se muito comuns. De alguma forma, estamos acostumados a preencher nossos dias com listas de tarefas e obrigações, em muitos casos como uma forma de “status social”.
Estar preocupado ou ocupado com algo é extremamente normal na nossa sociedade, e isso é “o que devemos fazer”. A pessoa preguiçosa, que não faz nada e tem tempo livre para desacelerar, é visto com espanto por quem não tem essa rotina.
Porém, temos que deixar claro que o problema não está em quem opta por não fazer nada algumas horas do dia para descansar de forma saudável. Na verdade, quem tem tempo para o lazer não se denomina como “preguiçoso” ou “irresponsável”. O problema está na obsessão do “Tenho que fazer”, “Preciso fazer”. É nessa “auto cobrança” imposta por uma sociedade que supervaloriza o trabalho que mora o problema.
Não fazer nada pode causar ansiedade.
O termo “não fazer nada” costuma ser controverso.
Às vezes, isso pode ser o resultado óbvio de um descuido consigo mesmo. Em outras palavras, o “não fazer nada” pode ser o não atendimento às expectativas que criamos com relação a nós e ao que nos propomos a fazer. Agora, quando usamos o “não fazer nada” em nossas horas de lazer, isso acaba se traduzindo como como algo necessário, saudável e até produtivo.
Ler, caminhar, descansar, ter uma boa conversa, admirar a paisagem e perceber o aqui e agora são ações significativas. No entanto, muitas pessoas ficam extremamente ansiosas com essas atividades, pois elas desconhecem o significado do relaxamento.
O simples fato de sentar-se e saber que não tem nada pendente ou esperando para ser iniciado pode causar ansiedade. O simples fato de ter templo livre, muitas vezes, faz as pessoas se sentirem impotentes e pensarem que estão fazendo algo errado, falhando em algo ou falhando com alguém.
Por outro lado, algo excepcional pode acontecer. O tempo livre também pode ser um convite para se reconectar. Praticar isso todos os dias é essencial.
Às vezes, esse mundo pessoal esconde fatos que precisam de nossa atenção. É inútil se esconder no trabalho e nas tarefas, porque o desconforto, cedo ou tarde, sempre virá à tona.
Mentes aceleradas e a incapacidade de desfrutar do lazer no tempo livre.
Às vezes, estar ocupado é parte do nosso estilo de vida. Dessa forma, não apenas normalizamos a incapacidade de aproveitar os momentos de lazer, mas também lançamos as bases para a ansiedade.
É normal que muitas pessoas procurem “bicos” durante as férias, pois isso as fazem se sentir competentes e produtivas. Entretanto, em muitos casos, essa busca é apenas para nos encaixarmos no modelo que a sociedade exige que todos se enquadrem, a “pessoa trabalhadora”.
Esse é um dos tipos de situação que tornam nossas mentes aceleradas e incapazes de relaxar. O silencio vira quase que uma alergia interior e não somos capazes de apreciar o presente.
Ter tempo livre é sinônimo de saúde.
As pessoas sem tempo livre não param. Mas atenção: trabalho árduo não é sinônimo de maior de produtividade. Passar mais tempo trabalhando ou ocupado com diversas tarefas não te torna mais brilhante ou feliz. Além disso, uma vida agitada e sem lazer pode causar transtornos mentais, como depressão e ansiedade.
Ter tempo livre também é saúde. Pequenos momentos de lazer a qualquer hora do dia podem ser muito benéfico. Podemos nos manter calmos e inativos sem esperar pelos feriados prolongados. Dar a si mesmo duas a três horas de tranquilidade e silêncio pode reduzir o estresse, aumentar a criatividade e promover uma boa saúde mental.
Portanto, é hora de mudar nossa mentalidade: sempre fazer algo pode ser contraproducente. A vida só se realiza quando nos damos bastante tempo, e isso geralmente se consegue com o lazer, a tranquilidade e até a arte de não fazer nada.
Você tem dificuldade de desligar? Comece fazendo essa meditação de 1 minuto. Isso poderá fazer uma grande diferença no seu dia. Se ainda tiver dificuldades, procure um psicólogo.