O Medo da Morte.
Quem nunca teve medo da morte? Você já passou por aquela sensação de estar no lugar errado na hora errada? Quando nos damos conta que estamos em uma sensação de perigo é normal termos um pico de ansiedade e assim que o perigo cessa, tudo volta ao normal.
Contudo, para algumas pessoas, o alarme de perigo continua soando mesmo que não haja nenhum perigo à vista. Essas pessoas tem a sensação constante de perigo e se comportam a fim de evitar situações simples do cotidiano que possam representar um risco, mesmo que pequeno. Esse estresse prolongado pode perturbar a vida diária, as relações interpessoais e a vida social de uma pessoa.
Origem do medo da morte.
O ser humano é fruto de sua filogênese, ontogênese e herança social, portanto, a cada geração, o ser humano tem características, hábitos e outras transformações genéticas próprias.
Todos nós sabemos que o processo de evolução física se baseia na morte, afinal, muitos animais (inclusive humanos) vivem se alimentando de outras espécies da cadeia alimentar para sobrevivência. Essa ideia, embora inconsciente, também é uma realidade para os humanos. Ou você não tem medo de ser devorado vivo por um crocodilo ou por um leão?
Na perspectiva da herança social, o medo da morte advém principalmente de crenças religiosas, que retratam a morte como um castigo para gerar medo e controle social.
É preciso ressaltar que a morte é o medo mais comum de todas as criaturas que vivem neste mundo. Os animais desenvolveram uma série de técnicas para fugir dos predadores e se proteger, evitando assim a sua morte.
Para a psicologia, o medo da morte pode ser:
- Um sentimento desencadeado por um pensamento racional/consciente, ou;
- Uma fobia causada por um pensamento irracional/inconsciente.
Medo da morte é um dos principais sintomas da ansiedade.
Entre os sintomas de ansiedade, os relatos mais comuns são: dores no peito, palpitação, suor frio, tontura e confusão. O paciente não consegue entender o que está acontecendo ao seu redor e por isso, pensa que algo ruim vai acontecer.
Então a sensação de morte é sentida e, após uma espiral de medo e sintomas físicos, de repente, o medo começa a diminuir, fazendo com que você não tenha a percepção do que houve. Esse é o relato mais comum de um ataque de pânico e um dos principais sintomas disso é o medo da morte. Dessa forma, existem diversos fatores que podem causar o medo da morte:
1. Modo “luta ou fuga”.
O modo luta ou fuga é a resposta automática do nosso corpo frente a situações de perigo iminente e os ataques de ansiedade são o pico deste medo. Uma forte descarga de adrenalina muda a reação química do cérebro, avisando seu corpo de que é hora decidir rapidamente o que fazer a fim de sobreviver: Lutar ou fugir daquela situação.
2. Medo da doença.
Os sintomas de ansiedade e ataques de pânico são semelhantes a alguns problemas de saúde, especialmente os relacionados ao coração. Milhares de pessoas são hospitalizadas por ataques de pânico todos os anos, ao pensarem que sua saúde já não está tão boa. Muita gente chega a acreditar que está tendo um infarto durante um ataque de pânico.
No entanto, ao ter uma crise de ansiedade, é difícil acreditar que sua mente esteja causando o problema, afinal, a sensações de mal estar sentidas são reais. É por isso que muitas pessoas acreditam que está acontecendo algo muito sério e que se não forem ajudadas naquele momento, podem até morrer.
3. Hipocondria.
Assim como o medo da doença, por mais que você tente se convencer de que sua experiência é causada apenas por ansiedade ou pânico, você acaba indo ao médico e pesquisando sobre doenças na Internet por medo dos sintomas.
Pessoas hipocondríacas acreditam que os ataques de pânico são causados por outras doenças, como câncer, tumores cerebrais, esclerose múltipla ou aneurismas cerebrais.
Só um médico pode descartar essas doenças. Mesmo assim, ainda tem gente que não fica convencida de que não há nada de errado com ela. Em vez disso, mesmo quando o médico descarta inúmeras possibilidades, a pessoa acredita que existe sim algo físico que desencadeia seu ataque de pânico, algo que o médico ainda não descobriu. Isso intensifica o medo da doença e da morte.
Nestes casos, esse comportamento geralmente pode levar a uma morte prematura, pois essas pessoas costumam abusar do uso de medicamentos, chegando a ter problemas sérios de saúde. Em 2021 tivemos notícias de pessoas que vieram a óbito por usar Ivermectina e cloroquina nebulizada sem orientação médica, por medo da Covid-19, por exemplo.
4. Medo da morte causado por outros tipos de ansiedade.
Embora menos comum, outros tipos de ansiedade também podem desencadear o medo da morte, incluindo:
- TAG (Transtorno de ansiedade generalizada): é um transtorno em que o cérebro pensa constantemente em coisas negativas ou estressantes (incluindo o medo da morte).
- TEPT (Transtorno de estresse pós-traumático): pessoas que sobrevivem a eventos relacionados à morte, como acidentes de carro ou assaltos, têm maior probabilidade de ter medo da morte.
- TOC (Transtorno obsessivo-compulsivo): o medo da morte não afeta todos os pacientes com transtorno obsessivo-compulsivo, mas muitas pessoas desenvolvem o transtorno obsessivo-compulsivo relacionado a perigo físico, como medo de ser atropelado por um veículo ou atacado por bactérias.
5. Medo da morte enquanto causa primária
Se o medo da morte não estiver relacionado com os transtornos de ansiedade mencionados anteriormente, ele pode ter origem em uma fobia chamada tanatofobia.
Todas as pessoas em qualquer situação podem ter medo da morte, e isso é extremamente normal, afinal, não ter medo da morte poderia nos colocar em situações muito perigosas a todo o momento.
Contudo, se o medo da morte causar mudanças e interferir na sua vida e no seu dia a dia, talvez seja necessário procurar ajuda profissional.
Tratando o medo da morte.
Ao procurar um psicólogo, você irá compreender melhor as causas do medo e a encontrar maneiras de minimizar os pensamentos disfuncionais. Tenha sempre em mente que lidar com esse medo profundo e natural e requer tempo e esforço.
A duração do tratamento varia de caso para caso, mas há evidências de que depois de apenas 10 sessões, a condição de algumas pessoas melhora muito. Confira algumas estratégias de tratamento para superar o medo irracional da morte:
Psicoterapia cognitivo comportamental: este método desafia seus pensamentos e reconhece as emoções relacionadas ao medo da morte, para que você possa trabalhar a raiz do medo em sua mente.
Terapia de exposição: Faz parte da terapia cognitivo comportamental e ajuda o paciente enfrentar situações, atividades e lugares que exacerbam o medo. Assim, o paciente percebe o quão irracional o seu comportamento era.
Para realizar uma avaliação inicial sem compromisso, basta entrar em contato.